Alice Madness Returns

 Tenho de admitir, sempre achei uma certa piada a mundos distorcidos e a apropriações de outras franchises para criar universos diferentes. Isto tem vindo a criar bons resultados ao longo do tempo, com remakes imaginativos de Star Wars, universos da Disney, entre outros. Mas desta vez, é a singela menina da aristocracia que volta a estar debaixo do fio na navalha. Piada intencional? O universo de que se vai falar está cheio delas.
 Foi através da mente criativa de American McGee que surgiu a Alice de Alice Madness Returns, conhecida a início apenas como Amercian McGee Alice, o primeiro jogo criado com base nos desenhos distorcidos deste artista, pode não ter estado ao nível dos desenhos, mas ficou para a história como algo diferente do habitual e único em muitos aspectos.
Alguns anos depois, surge então Alice Madness Returns, a continuação da história de Alice de American McGee, agora de regresso ao País das Maravilhas, que muitos ainda não conhecem. Por isso esqueçam as personagens amigáveis do conto original, aqui o escárnio e humor negro do original vai ser levado à letra.
Para perceberem o tão diferente é Alice Madness Returns do conto clássico contado às crianças, aqui, começa a sua aventura a viver alojada num orfanato, assombrada por visões de um passado pouco ou nada maravilhoso, vivido num mundo recheado de criaturas bem longe do simpático. Em redor das suas visões dantescas estão algumas personagens que tentam aproveitar-se de Alice de formas corruptas que levam aos detalhes por detrás da morte dos seus pais.
Desta forma, Alice Madness Returns arranca com uma visão muito própria de uma Inglaterra altamente caricaturada, que é incentivada a ser vista na primeira pessoa pelo jogo. Mas isto não dura muito tempo, pois as viagens feitas pelo mundo real são muito poucas, deixando espaço para explorar o País das Maravilhas, que tanto parece um lugar mágico e encantador, como tenebroso e repulsivo.
Existem várias zonas para visitar ao longo da viagem, começando pela fábrica do Chapeleiro e outras localizações ainda mais estranhas. Cada capítulo representa uma área que precisa de ser visitada por Alice e onde alguns dos habitantes do País das Maravilhas precisam de ajuda, havendo novas personagens macabras a mexer os cordéis por detrás das cortinas.
Mas as viagens feitas em Alice Madness Returns não vão ser nada fáceis, afinal, existem vários tipos de monstros à solta pelo País das Maravilhas, que vão de espectros, a mosquitos metálicos, ou ainda bules de chá amaldiçoados, entre outros seres estranhos que fazem a ponte entre o estilo do cenário em que se encontram e o tema da área da personagem.
Mas esta Alice também é bem diferente da versão a que já todos estamos habituados. Esta Alice não é propriamente uma ''dama em apuros''.
                                                                                                               
Tal como já puderam ver pelas imagens, Alice dá uso a uma enorme faca para se defender dos muito inimigos, ao estilo de um Hack and Slash(God of War, Devil May Cry). A juntar à lâmina, podem ainda contar com outras armas de curto e longo alcance, onde até não falta um “amigável” coelho de cartola que se transforma numa bomba temporizada altamente letal.  
Fora de combate, Alice Madness Returns é essencialmente um jogo de plataformas com alguns puzzles à mistura. Alice é uma saltadora nata e ainda consegue dar uso à saia do seu fato para rodopiar no ar, ou ganhar ainda mais distância de salto enquanto plana.
A juntar ao salto, podem acrescentar ainda às suas habilidades, uma espécie de teleporte, que desfaz Alice em borboletas e a move para um outro local próximo, evitando assim um ataque, ou ganhando mais distância numa situação de salto.Mas Alice esconde ainda outro trunfo debaixo da manga (além da dita faca). 
Sempre que desejarem, Alice pode encolher de tamanho e assim procurar por pistas no cenário que indicam o caminho, ou a localização de segredos, normalmente escondidos atrás de pequenas fechaduras que só podem ser transpostas usando esta habilidade.
Mas até agora, ainda só falei da Alice simpática, pois isso muda de figura quando a personagem é arrastada até às portas da morte. Nesta altura, é possível revelar o demônio escondido dentro de si, através do Hysteria Mode. Neste estado, Alice ganha uma tonalidade esbranquiçada, ao estilo de um espírito e pode assim atacar com muito mais força e velocidade, sem sofrer qualquer tipo de danos de forma temporária. 
Sendo baseado nos trabalhos de American McGee, era de esperar que Alice Madness Returns apresenta-se um visual, no mínimo, bastante imaginativo, mas a verdade é que só pelo trabalho artístico, já vale a pena jogar este jogo. 
Além do cenário ser fabuloso, o que foi feito em torno dos cenários e das personagens está brilhante e bem pensado. A juntar a isto, está a nossa Alice, que apresenta um visual bastante apelativo, com várias roupas detalhadas e um cabelo que se move de forma impressionante. Um verdadeiro mimo.
Em termos de som, Alice Madness Returns ganha muito com a sua banda sonora instrumental, mas algo metalizada, ou até mesmo mecanizada, que faz bem a passagem entre os cenários bonitos e os ambientes mais sujos e industrializados. 

Por outro lado, as vozes dependem em muito do vosso gosto. Enquanto algumas parecem forçadas, outras encaixam que nem uma luva, mas no geral, o trabalho foi bem feito e não
 prejudica em nada o resultado final, sempre com um sotaque tipicamente britânico.
Falando agora da longevidade, existe muito que explorar em Alice Madness Returns, havendo espaços que contêm garrafas de vidro que devem coleccionar, fragmentos de memórias que explicam um pouco melhor segmentos do passado de Alice com a sua família, e por fim, a presença dos narizes de porco voadores que aprecem um pouco por todo o lado e que precisam de ser abatidos de forma a revelar novos caminhos.
Além disto, caso comprem o jogo novo, são brindados com um código para descarregar o jogo original em HD. Sem dúvida um bom extra.
Como já devem ter percebido, Alice Madness Returns é um bom jogo, que além de divertido, vale a pena ser jogado. 

Especialmente pela sua direção artística, que oferece algo sempre diferente à medida que avançam.
É certo que existem bugs e alguns problemas de jogabilidade, mas tudo isso é compensado por uma aventura que vale bem a pena jogar, desde que tenham estômago para viver neste “País das Maravilhas”.

Saiu o Pathy Que te Pariu #16. Por enquanto é só.